“Renuncio à eletricidade e acendo eu mesmo a lareira e o fogão. À tarde, acendo os velhos lampiões. Não há água corrente; preciso tirá-la do poço, acionando a bomba manual. Racho a lenha e cozinho. Esses trabalhos simples tornam o homem simples, e é muito difícil ser simples”. (Carl Gustav Jung)
“A psicanálise, nascida em meio burguês, negligencia freqüentemente o aspecto materialista da vontade humana. O trabalho sobre os objetos, contra a matéria, é uma espécie de psicanálise natural. Oferece oportunidades de uma cura rápida porque a matéria não permite que nos enganemos a respeito de nossas próprias forças”.
(Gaston Bachelard)
“Quando começam a colocar cercas entre os homens e seus rios é por que as coisas estão de fato muito ruins.” (Jack Kerouac)
sexta-feira, 9 de maio de 2008
"Sonho, logo existo." (Conclusão da minha monografia de pós-graduação em Psicologia Analítica na PUC
Ecossistema x Ego-sistema
“Qualquer verdade gera um escândalo”
(Marguerite Yourcenar – Memórias de Adriano)
As mudanças estão cada vez mais urgentes. Há um anseio coletivo no ar, uma conspiração silenciosa que não pode mais adiar a grande transformação necessária na forma atual de se viver em nosso planeta.
A Psicologia, como ciência que estuda a mente e o comportamento do ser humano, está num ponto crucial de sua existência. Ou se liberta de sua formação cartesiana e mecanicista, tratando as coisas separadamente ou acompanha a evolução para uma visão integrada do todo, que nos apresenta a interligação de tudo no universo. Para os povos do oriente, uma visão de mundo milenar e para o ocidente, mais um degrau em nossa escala evolutiva, uma era de auto-descobertas, de revoluções no conhecimento e na forma de se fazer ciência. Ambos, ocidente e oriente estão vivendo a depuração de suas falhas.
Assim como podemos não estar sós no universo, entre milhões de galáxias, mesmo sem levarmos isto em conta, enquanto giramos soltos no espaço, vivemos a ilusão de que temos as coisas, assim como uma doença ou um carro por exemplo. Nosso ego tridimensional, como um bebê descobrindo o mundo, leva um longo tempo para perceber-se como um todo. A formação de nossa personalidade leva uma grande parte da vida e às vezes nem se completa. Não percebemos a relatividade das coisas e assim criamos um “pré-conceito”, julgando tudo e todos que encontramos pela frente.
Sendo assim, somos presas fáceis do falso princípio do certo e errado, falso e verdadeiro, dia e noite, bom e mau, como se existissem separadamente. E um poder ilusório toma conta do “jogo”. Um poder periférico, parcial, que se julga abrangente mas que vê parcialmente.
O chamado “Sistema” sócio-econômico predominante atende ao Ego, individualista, fechado em si mesmo, que só pensa na satisfação de seus prazeres, criando dependências repetitivas, dando voltas em círculo, perdendo tempo com coisas que nada acrescentam ao seu real desenvolvimento evolutivo. Ser significa antes de tudo um encontro com a pluralidade. Descobrir que somos muitos dentro de um , a unidade na diversidade, uni-verso, dando espaço à existência do Ser ou Eu verdadeiro, quase adormecido na maioria das consciências.
Renascermos, como “crianças constantes”, prontas à relembrar a verdadeira origem, existência e caminho à ser trilhado nas espirais da vida, este é o grande objetivo.
A aproximação entre Ciência e Religião Oriental vem permitindo uma forma de abordagem onde a Psicologia se volta para outras áreas de trabalho e pesquisa, dando um salto importante na direção de áreas como a Medicina, Sociologia, Ecologia, Física, Filosofia, mostrando o caminho à ser seguido neste milênio que dá seus primeiros passos. A grande contribuição do oriente foi ter como princípio o caminho da espiritualidade e do auto-conhecimento, com práticas que colocam o ser humano no centro do processo religioso. Antes, o templo está dentro de si e o funcionamento físico-psíquico e espiritual caminham juntos para o bem estar como um todo. O segredo é manter este equilíbrio. China e Índia são dois dos maiores expoentes destas técnicas milenares que são usadas por milhões de pessoas em todo o planeta. Hoje mesmo no Brasil, na rede pública os pacientes já dispõe de Acupuntura e técnicas de meditação estão sendo usadas em Psicanálise.
São áreas da vanguarda do conhecimento, pouco acessíveis à maioria das pessoas mas não de estudantes e pesquisadores que já deveriam estar levando em conta estes fatos, assim como as universidades, que muito se atrasaram em relação a seus cursos de formação, de uma forma geral.
A Psicologia vai alem da pessoa, da própria consciência e desvenda um inconsciente com muitas dimensões. Com a atuação da criatividade e da intuição novas funções sensoriais com possibilidades incríveis vão sendo readquiridas. Um processo doloroso, lento mas necessário, como um grande “parto planetário”, aproxima o que de melhor Oriente e Ocidente ajudaram a formar no ser humano, síntese de uma nova personalidade mais amadurecida para este terceiro milênio, tão cheio de desafios mas com tantas transformações fundamentais para a humanidade.
Quando nos defrontamos com propostas tão contundentes por uma revisão dos conceitos científicos tradicionais predominantes, cresce uma expectativa por transformações profundas, principalmente no meio acadêmico, que traga estas discussões para a sala de aula. É incoerente pensarmos que no alvorecer do século XXI, o preconceito e a visão limitada dos que detêm o poder do saber científico ainda prevalece. Uma classe dominante do conhecimento científico ainda pensa de forma reducionista e retrógrada.
No presente trabalho, tentei mostrar como a Psicologia, a Filosofia e a Física, vistas por um ângulo de integração de seus conhecimentos teóricos e práticos, podem contribuir para a mudança do paradigma científico. Filósofos, psicólogos e físicos, chegando a conclusões muito semelhantes, na concepção do ser humano, da mente, da matéria e de suas relações com o Universo. A ampliação da consciência em direção a dimensões desconhecidas do inconsciente, se apresentam neste terceiro milênio como o grande desafio para os novos cientistas. Estes terão de abandonar a velha forma de ver o mundo, sob o ponto de vista puramente racional. Deixar de lado o preconceito e mergulhar com todo o seu ser na busca do conhecimento. Não se pode separar o sujeito do objeto. Somos ao mesmo tempo causa e efeito de tudo o que acontece a nossa volta. O homem que pensa não pode mais se achar distante do que almeja com seu pensamento. O homem é aquilo que ele pensa. O imaginário da mente humana é uma ferramenta transformadora que nos faz ir a diante. Sonhar, escolher caminhos, acertar e errar.
A proposta de retorno à ciência do espírito é antiga. O caminho foi aberto por muitos precursores que foram tratados com pouca seriedade pelos seus contemporâneos quando falavam de temas que ameaçavam a velha estrutura do pensamento científico.
A simplicidade da busca, sem arrogância, impõe a humildade diante do que ainda não sabemos.
“Qualquer verdade gera um escândalo”
(Marguerite Yourcenar – Memórias de Adriano)
As mudanças estão cada vez mais urgentes. Há um anseio coletivo no ar, uma conspiração silenciosa que não pode mais adiar a grande transformação necessária na forma atual de se viver em nosso planeta.
A Psicologia, como ciência que estuda a mente e o comportamento do ser humano, está num ponto crucial de sua existência. Ou se liberta de sua formação cartesiana e mecanicista, tratando as coisas separadamente ou acompanha a evolução para uma visão integrada do todo, que nos apresenta a interligação de tudo no universo. Para os povos do oriente, uma visão de mundo milenar e para o ocidente, mais um degrau em nossa escala evolutiva, uma era de auto-descobertas, de revoluções no conhecimento e na forma de se fazer ciência. Ambos, ocidente e oriente estão vivendo a depuração de suas falhas.
Assim como podemos não estar sós no universo, entre milhões de galáxias, mesmo sem levarmos isto em conta, enquanto giramos soltos no espaço, vivemos a ilusão de que temos as coisas, assim como uma doença ou um carro por exemplo. Nosso ego tridimensional, como um bebê descobrindo o mundo, leva um longo tempo para perceber-se como um todo. A formação de nossa personalidade leva uma grande parte da vida e às vezes nem se completa. Não percebemos a relatividade das coisas e assim criamos um “pré-conceito”, julgando tudo e todos que encontramos pela frente.
Sendo assim, somos presas fáceis do falso princípio do certo e errado, falso e verdadeiro, dia e noite, bom e mau, como se existissem separadamente. E um poder ilusório toma conta do “jogo”. Um poder periférico, parcial, que se julga abrangente mas que vê parcialmente.
O chamado “Sistema” sócio-econômico predominante atende ao Ego, individualista, fechado em si mesmo, que só pensa na satisfação de seus prazeres, criando dependências repetitivas, dando voltas em círculo, perdendo tempo com coisas que nada acrescentam ao seu real desenvolvimento evolutivo. Ser significa antes de tudo um encontro com a pluralidade. Descobrir que somos muitos dentro de um , a unidade na diversidade, uni-verso, dando espaço à existência do Ser ou Eu verdadeiro, quase adormecido na maioria das consciências.
Renascermos, como “crianças constantes”, prontas à relembrar a verdadeira origem, existência e caminho à ser trilhado nas espirais da vida, este é o grande objetivo.
A aproximação entre Ciência e Religião Oriental vem permitindo uma forma de abordagem onde a Psicologia se volta para outras áreas de trabalho e pesquisa, dando um salto importante na direção de áreas como a Medicina, Sociologia, Ecologia, Física, Filosofia, mostrando o caminho à ser seguido neste milênio que dá seus primeiros passos. A grande contribuição do oriente foi ter como princípio o caminho da espiritualidade e do auto-conhecimento, com práticas que colocam o ser humano no centro do processo religioso. Antes, o templo está dentro de si e o funcionamento físico-psíquico e espiritual caminham juntos para o bem estar como um todo. O segredo é manter este equilíbrio. China e Índia são dois dos maiores expoentes destas técnicas milenares que são usadas por milhões de pessoas em todo o planeta. Hoje mesmo no Brasil, na rede pública os pacientes já dispõe de Acupuntura e técnicas de meditação estão sendo usadas em Psicanálise.
São áreas da vanguarda do conhecimento, pouco acessíveis à maioria das pessoas mas não de estudantes e pesquisadores que já deveriam estar levando em conta estes fatos, assim como as universidades, que muito se atrasaram em relação a seus cursos de formação, de uma forma geral.
A Psicologia vai alem da pessoa, da própria consciência e desvenda um inconsciente com muitas dimensões. Com a atuação da criatividade e da intuição novas funções sensoriais com possibilidades incríveis vão sendo readquiridas. Um processo doloroso, lento mas necessário, como um grande “parto planetário”, aproxima o que de melhor Oriente e Ocidente ajudaram a formar no ser humano, síntese de uma nova personalidade mais amadurecida para este terceiro milênio, tão cheio de desafios mas com tantas transformações fundamentais para a humanidade.
Quando nos defrontamos com propostas tão contundentes por uma revisão dos conceitos científicos tradicionais predominantes, cresce uma expectativa por transformações profundas, principalmente no meio acadêmico, que traga estas discussões para a sala de aula. É incoerente pensarmos que no alvorecer do século XXI, o preconceito e a visão limitada dos que detêm o poder do saber científico ainda prevalece. Uma classe dominante do conhecimento científico ainda pensa de forma reducionista e retrógrada.
No presente trabalho, tentei mostrar como a Psicologia, a Filosofia e a Física, vistas por um ângulo de integração de seus conhecimentos teóricos e práticos, podem contribuir para a mudança do paradigma científico. Filósofos, psicólogos e físicos, chegando a conclusões muito semelhantes, na concepção do ser humano, da mente, da matéria e de suas relações com o Universo. A ampliação da consciência em direção a dimensões desconhecidas do inconsciente, se apresentam neste terceiro milênio como o grande desafio para os novos cientistas. Estes terão de abandonar a velha forma de ver o mundo, sob o ponto de vista puramente racional. Deixar de lado o preconceito e mergulhar com todo o seu ser na busca do conhecimento. Não se pode separar o sujeito do objeto. Somos ao mesmo tempo causa e efeito de tudo o que acontece a nossa volta. O homem que pensa não pode mais se achar distante do que almeja com seu pensamento. O homem é aquilo que ele pensa. O imaginário da mente humana é uma ferramenta transformadora que nos faz ir a diante. Sonhar, escolher caminhos, acertar e errar.
A proposta de retorno à ciência do espírito é antiga. O caminho foi aberto por muitos precursores que foram tratados com pouca seriedade pelos seus contemporâneos quando falavam de temas que ameaçavam a velha estrutura do pensamento científico.
A simplicidade da busca, sem arrogância, impõe a humildade diante do que ainda não sabemos.
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