sexta-feira, 27 de março de 2009

Movido à vida!

Meu combustível é a emoção de estar vivo, o coração batendo forte, as sensações à flor da pele, o sentimento de cumplicidade, essa magia incrível que me faz pensar que acasos não existem e que o Universo definitivamente conspira à nosso favor quando olhamos para as estrelas e pedimos algo com toda a nossa alma e coração!
Porque as vezes eu sinto que não sou daqui, que não tenho raízes só nesse planeta, como se minha casa estivesse lá em cima, em alguma estrela distante, bem brilhante...
É ao mesmo tempo um sentimento de amor imenso por tudo o que é vivo, por todos os seres e coisas criadas por esse grande arquiteto do Universo que chamamos DEUS, e um sentimento profundo de solidão...de que ainda não encontrei minhas verdadeiras raízes nesse mundo paradoxal em que estamos vivendo.
Sou corpo e sou alma. Princípio feminino e masculino. Como tudo no Universo! Yin e Yang, claro e escuro, dia e noite, Sol e Lua, semente e árvore...por que tudo está interligado, e nisso está o segredo de se viver nesse plano em que estamos agora. Entender que o tempo é uma ilusão necessária para nós humanos, que estamos aqui para evoluir...como um bebê que vai precisar de muito tempo pra ficar maduro.
Quem sabe, quantas vidas?
Assim, não tenho mais mêdo da morte... e nem da vida!
Por que uma não existe sem a outra.
Nem da tristeza...nem da alegria.
Nem da vitória e nem da derrota...
Porque lá nas estrelas tudo é transcendente e nossos problemas aqui deste mundo não são nada perto da grandeza do Universo.
E quando a gente conhece as pessoas, as vezes como num passe de mágica, encontramos essa centelha de luz que nos faz sentir irmãos, amantes, amigos, companheiros de jornada, sem maiores explicações...e como somos iguais as milhões de estrelas que vemos todas as noites...quando eu sinto uma sintonia sem explicação, como se elas me pertencessem e eu a elas...
Por isso me sinto esse passageiro do tempo, sabendo de onde vim, o que estou fazendo aqui, e para onde vou...
Movido à vida!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Superação Total

Bike Challenge 2008 - Costa Verde


Desafios são momentos onde se precisa ter determinação. Para se superar limites, temos que ter capacidade física e mental. Quando se tem limitações físicas impostas pela vida, o aspecto mental se torna então fundamental para a superação do desafio.
Foi exatamente assim que realizamos o Bike Challenge Costa Verde 2008, 5 dias de cicloturismo com um grupo de 46 ingleses, de Maresias - litoral de São paulo, até Mangaratiba, Rio de Janeiro, em setembro passado: Superação total!
O Regain Group é formado para se destinar parte da arrecadação de fundos para o tour à instituição que abriga atletas que se acidentaram durante a prática esportiva. São tetraplégicos que têm uma coisa em comum: Continuam praticando e amando os esportes, sendo exemplos para todos nós.
Dos 46 cicloturistas, 3 eram portadores de deficiência, e pedalaram seus triciclos com incrível habilidade junto com os demais participantes. Nós da organização, criamos a nossa já tradicional infra-estrutura para dar suporte ao grupo, e mais ainda pela participação dos três atletas especiais, incluindo carros de apoio para cadeirantes e acomodação própria nos hotéis e pousadas. Sem contar com o espírito da equipe que se solidarizou sempre em todos os momentos da aventura. E não foi nada fácil!
Acordamos no dia anterior ao início da viagem com a esperança de que a frente fria que estava estacionada no litoral desse uma trégua. Na preparação das bicicletas, existia a preocupação com as dificuldades de se pedalar em meio à chuva, com a água misturada à areia entrando no sistema de transmissão das marchas e engrenagens dos pedais. E foi o que aconteceu.
No dia da partida, nós da organização sabíamos que ia ser uma dureza mas não esperávamos tanto. Uma coisa é ser pego pela chuva no caminho. Outra é já sair debaixo dela e enfrentar o dia todo de dificuldades. Com vento, frio, água entrando por todos os lados, cada pedalada era um esforço dobrado, física e mentalmente. Mesmo com casacos de chuva e óculos, imprescindíveis nessas condições, manter a moral do grupo era fundamental quando se tinha que cumprir os 55 km de estrada até Caraguatatuba.
Cada parada para hidratação e alimentação energética era um sacrifício pois a musculatura esfriava e a chuva não parava. Os inglêses, já acostumados com as condições, muito parecidas com as encontradas no seu país, até que não estavam muito desanimados. Eu ficava com pena de não termos o sol brilhando e as paisagens maravilhosas do litoral em destaque, ilhas, baias e enseadas. Mesmo assim, ainda paravam para tirar fotos!
No segundo dia não tivemos moleza. Mais 60 km de chuva até Ubatuba, nas mesmas condições do dia anterior, e as bicicletas sofrendo muito desgaste, exigindo demais de nossa equipe para mantê-las em funcionamento. Na chegada no hotel, trabalho dobrado para lavá-las e lubrificá-las, sem contar com a troca das engrenagens centrais e das sapatas de freios que derretiam com a terrível combinação de areia e água. Os triciclos dos tetras também exigiram uma revisão geral. São verdadeiras máquinas. Fiquei impressionado com a tecnologia empregada neles. Bancos confortáveis, freios à disco, 27 marchas, com um sistema acionado com o queixo, e uma espécie de manivela que faz o papel dos pedais. Ainda têm um pequeno motor elétrico, acionado apenas em momentos de necessidade, como em ladeiras muito íngremes.
No terceiro dia, nos 85km entre Ubatuba e Paraty, finalmente não saímos com chuva do hotel. Estava um tempo nublado e ainda frio, o que animou o grupo. Mas lá pelo trecho final, nos últimos 25km, uma chuva rápida e forte voltou à importunar os ciclistas. Antes, pelo menos deu para a galera tomar um delicioso banho de mar na vila de Picinguaba, comunidade de caiçaras onde almoçamos um delicioso peixe, com camarão e lulas.
Em Paraty, uma noite de céu estrelado deixou claro que no dia seguinte o sol voltaria a brilhar!
E foi assim nos 100km clássicos até Angra dos Reis. O grupo teve um rendimento excepcional e todo mundo ficou maravilhado com a paisagem, elogiando muito a natureza de nosso país. No último dia, pedalamos com sol quente e lindas vistas os 45km de Angra até Mangaratiba, onde o grupo entrou no ônibus, as bikes no caminhão e fomos até o Rio, no Alto da Boa Vista. De lá fomos para o trecho final, parando na Vista Chinesa, para deixar o grupo impressionado com a paisagem da zona sul da cidade do Rio, lagoa Rodrigo de Freitas pela ciclovia, orla de Ipanema e Copacabana, até o hotel na Avenida Atlântica. Confraternização geral e a champanhe merecida!
Mais uma vez cumprimos nosso trabalho com determinação e toda a equipe Today Tours está de parabéns. Destaque para o efetivo da Polícia Rodoviária Federal, solicitado por nós, que enviou 3 policiais equipados com suas possantes Harley Davidson e um 4x4, mostrando eficiência exemplar e extrema simpatia, além de dar a segurança fundamental em todo o percurso de cerca de 430km percorrido pelos cicloturistas.
O Regain Group foi um exemplo único de união e superação. Fiquei impressionado com o espírito de determinação que marcou todos os momentos de nossa aventura.
Ano que vem tem mais!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Pica a mula!

Uma aventura para os amantes do Trekking, a travessia Serra da Bocaina - Mambucaba, a famosa "trilha do ouro" foi palco de nosso mais recente trabalho na Today Tours, com um grupo vindo da Irlanda.
Normalmente o roteiro pode ser feito em três dias, percorrendo-se cerca de 90km. Para atender a demanda de clientes dos últimos sete anos, vindos da Inglaterra, criamos uma programação mais forte, feita em cinco dias, com cerca de 105km de caminhada. A pedido nosso e criada pelo Cebolla, o experiente guia que nos atende na região, a "trilha dos ingleses" é para os que já tem a bota amaciada!
Antiga rota dos índios Guaianazes e de tropeiros, que alternou o caminho do ouro que escoava de Minas Gerais pela Estrada Real, a trilha começa do alto da serra da Bocaina, no Estado de São Paulo e termina em Mambucaba, no município de Angra dos Reis, estado do Rio de Janeiro. O roteiro é lindo e corta toda a área do Parque Nacional da Serra da Bocaina, com seus campos de altitude e grandes trechos preservados de Mata Atlântica primária. Importante ressaltar a presença de grandes Araucárias, famosa espécie de pinus muito comum no sul do Brasil, remanescentes das florestas plantadas pelos colonizadores da região. Para completar o show, lindas cachoeiras pelo caminho, entre elas a Cachoeira dos Veados, a maior do estado de São Paulo com seus cerca de oitenta metros de queda.
Todas as nascentes, córregos e riachos vão ajudando a formar o imponente e cristalino rio Mambucaba, que nos acompanha em longos trechos da travessia.
Com o declínio do ciclo do ouro, o caminho que ajudou a burlar durante anos a fiscalização da coroa portuguesa, foi aproveitado para o escoamento do café plantado em toda a região que alcançava até o vale do Paraíba. A descida do trecho final da caminhada é feito sobre o piso de pedras original, feito pelos escravos e posteriormente acabado pelos fazendeiros da região para o escamento do café.
Considerada a "capital" do parque e passagem obrigatória das tropas de mulas, a cidade de São José do Barreiro guarda ainda o remanescente de seu casario típico colonial e a hospitalidade de seus cerca de quatro mil e quinhentos habitantes. Nosso roteiro tem como base a partida de São José, feita ainda em pick-ups 4x4 ou caminhão, para a subida da serra até o alto da Bocaina. À partir daí, a caminhada recebe o apoio em trechos específicos de veículos 4x4, cavalos, mulas ou burros, que levam as bagagens e servem de apoio para alguma eventualidade. Nas costas do grupo apenas as mochilas de ataque com o que for usado durante o dia de caminhada. Em nossos prgramas, alem dos guias, temos sempre a presença de um médico caminhando junto.
Toda a programação inclui pernoites em pousadas e casas de colonos já preparadas para receber os inúmeros visitantes aventureiros. Este é um meio interessante de se interagir com que mora na região, os colonos que herdaram a cultura típica da roça. o grande problema existente desde a criação do Parque Nacional da Bocaina, no início da década de setenta, é o conflito entre os colonos e o IBAMA. Seria de fácil solução se não fosse a intransigência do órgão que defende a saída dos moradores, não aceitando que eles possam viver com sua agricultura de subsistência. A grande saida porem, seria justamente a existência de um fluxo permanente e organizado de Ecoturismo sustentável, oficializando e capacitando a mão de obra local em vários serviços, como guias, monitores ambientais e atendimento nas pousadas.
No mais, é aproveitar todo o potencial mais do que conhecido deste paraíso dos amantes das aventuras, estrategicamente colocado entre o Rio e São Paulo. A Trilha do ouro é uma aventura imperdível para quem nunca fez e nunca uma repetição para que já conhece!
Porque o título "Pica a Mula"?
Esse era o chamamento oficial feito pelos tropeiros na hora de retomar o caminho depois de uma parada e adotado pelo nosso guia...
Então, pica a mula e boas trilhas!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Simplicidade

“Renuncio à eletricidade e acendo eu mesmo a lareira e o fogão. À tarde, acendo os velhos lampiões. Não há água corrente; preciso tirá-la do poço, acionando a bomba manual. Racho a lenha e cozinho. Esses trabalhos simples tornam o homem simples, e é muito difícil ser simples”. (Carl Gustav Jung)

“A psicanálise, nascida em meio burguês, negligencia freqüentemente o aspecto materialista da vontade humana. O trabalho sobre os objetos, contra a matéria, é uma espécie de psicanálise natural. Oferece oportunidades de uma cura rápida porque a matéria não permite que nos enganemos a respeito de nossas próprias forças”.
(Gaston Bachelard)

“Quando começam a colocar cercas entre os homens e seus rios é por que as coisas estão de fato muito ruins.” (Jack Kerouac)

"Sonho, logo existo." (Conclusão da minha monografia de pós-graduação em Psicologia Analítica na PUC

Ecossistema x Ego-sistema

“Qualquer verdade gera um escândalo”
(Marguerite Yourcenar – Memórias de Adriano)

As mudanças estão cada vez mais urgentes. Há um anseio coletivo no ar, uma conspiração silenciosa que não pode mais adiar a grande transformação necessária na forma atual de se viver em nosso planeta.
A Psicologia, como ciência que estuda a mente e o comportamento do ser humano, está num ponto crucial de sua existência. Ou se liberta de sua formação cartesiana e mecanicista, tratando as coisas separadamente ou acompanha a evolução para uma visão integrada do todo, que nos apresenta a interligação de tudo no universo. Para os povos do oriente, uma visão de mundo milenar e para o ocidente, mais um degrau em nossa escala evolutiva, uma era de auto-descobertas, de revoluções no conhecimento e na forma de se fazer ciência. Ambos, ocidente e oriente estão vivendo a depuração de suas falhas.
Assim como podemos não estar sós no universo, entre milhões de galáxias, mesmo sem levarmos isto em conta, enquanto giramos soltos no espaço, vivemos a ilusão de que temos as coisas, assim como uma doença ou um carro por exemplo. Nosso ego tridimensional, como um bebê descobrindo o mundo, leva um longo tempo para perceber-se como um todo. A formação de nossa personalidade leva uma grande parte da vida e às vezes nem se completa. Não percebemos a relatividade das coisas e assim criamos um “pré-conceito”, julgando tudo e todos que encontramos pela frente.
Sendo assim, somos presas fáceis do falso princípio do certo e errado, falso e verdadeiro, dia e noite, bom e mau, como se existissem separadamente. E um poder ilusório toma conta do “jogo”. Um poder periférico, parcial, que se julga abrangente mas que vê parcialmente.
O chamado “Sistema” sócio-econômico predominante atende ao Ego, individualista, fechado em si mesmo, que só pensa na satisfação de seus prazeres, criando dependências repetitivas, dando voltas em círculo, perdendo tempo com coisas que nada acrescentam ao seu real desenvolvimento evolutivo. Ser significa antes de tudo um encontro com a pluralidade. Descobrir que somos muitos dentro de um , a unidade na diversidade, uni-verso, dando espaço à existência do Ser ou Eu verdadeiro, quase adormecido na maioria das consciências.
Renascermos, como “crianças constantes”, prontas à relembrar a verdadeira origem, existência e caminho à ser trilhado nas espirais da vida, este é o grande objetivo.
A aproximação entre Ciência e Religião Oriental vem permitindo uma forma de abordagem onde a Psicologia se volta para outras áreas de trabalho e pesquisa, dando um salto importante na direção de áreas como a Medicina, Sociologia, Ecologia, Física, Filosofia, mostrando o caminho à ser seguido neste milênio que dá seus primeiros passos. A grande contribuição do oriente foi ter como princípio o caminho da espiritualidade e do auto-conhecimento, com práticas que colocam o ser humano no centro do processo religioso. Antes, o templo está dentro de si e o funcionamento físico-psíquico e espiritual caminham juntos para o bem estar como um todo. O segredo é manter este equilíbrio. China e Índia são dois dos maiores expoentes destas técnicas milenares que são usadas por milhões de pessoas em todo o planeta. Hoje mesmo no Brasil, na rede pública os pacientes já dispõe de Acupuntura e técnicas de meditação estão sendo usadas em Psicanálise.
São áreas da vanguarda do conhecimento, pouco acessíveis à maioria das pessoas mas não de estudantes e pesquisadores que já deveriam estar levando em conta estes fatos, assim como as universidades, que muito se atrasaram em relação a seus cursos de formação, de uma forma geral.
A Psicologia vai alem da pessoa, da própria consciência e desvenda um inconsciente com muitas dimensões. Com a atuação da criatividade e da intuição novas funções sensoriais com possibilidades incríveis vão sendo readquiridas. Um processo doloroso, lento mas necessário, como um grande “parto planetário”, aproxima o que de melhor Oriente e Ocidente ajudaram a formar no ser humano, síntese de uma nova personalidade mais amadurecida para este terceiro milênio, tão cheio de desafios mas com tantas transformações fundamentais para a humanidade.
Quando nos defrontamos com propostas tão contundentes por uma revisão dos conceitos científicos tradicionais predominantes, cresce uma expectativa por transformações profundas, principalmente no meio acadêmico, que traga estas discussões para a sala de aula. É incoerente pensarmos que no alvorecer do século XXI, o preconceito e a visão limitada dos que detêm o poder do saber científico ainda prevalece. Uma classe dominante do conhecimento científico ainda pensa de forma reducionista e retrógrada.
No presente trabalho, tentei mostrar como a Psicologia, a Filosofia e a Física, vistas por um ângulo de integração de seus conhecimentos teóricos e práticos, podem contribuir para a mudança do paradigma científico. Filósofos, psicólogos e físicos, chegando a conclusões muito semelhantes, na concepção do ser humano, da mente, da matéria e de suas relações com o Universo. A ampliação da consciência em direção a dimensões desconhecidas do inconsciente, se apresentam neste terceiro milênio como o grande desafio para os novos cientistas. Estes terão de abandonar a velha forma de ver o mundo, sob o ponto de vista puramente racional. Deixar de lado o preconceito e mergulhar com todo o seu ser na busca do conhecimento. Não se pode separar o sujeito do objeto. Somos ao mesmo tempo causa e efeito de tudo o que acontece a nossa volta. O homem que pensa não pode mais se achar distante do que almeja com seu pensamento. O homem é aquilo que ele pensa. O imaginário da mente humana é uma ferramenta transformadora que nos faz ir a diante. Sonhar, escolher caminhos, acertar e errar.
A proposta de retorno à ciência do espírito é antiga. O caminho foi aberto por muitos precursores que foram tratados com pouca seriedade pelos seus contemporâneos quando falavam de temas que ameaçavam a velha estrutura do pensamento científico.
A simplicidade da busca, sem arrogância, impõe a humildade diante do que ainda não sabemos.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Trilhas que não estão no mapa

Com o aumento da procura pelo ecoturismo e turismo de aventura em todo o mundo, muitas regiões do Brasil descobriram potencial novo de vital importância sócio- econômica. A possibilidade do aproveitamento de seu meio-ambiente preservado em projetos que estabeleçam a união entre turismo, educação ambiental e fixação do homem no campo.
Em Nova Friburgo temos um exemplo prático deixado pelos colonizadores suíços. Assim como no resto do Brasil rural, até meados do século xx , reinavam os bravos tropeiros com suas tropas de burros e carroças levando e trazendo produtos, notícias e riquezas. Hoje, carregados de histórias e lendas, estes caminhos que nem sempre constam dos mapas, podem ser percorridos à pé, à cavalo, ou de bicicleta, em meio a Mata Atlântica e paisagens deslumbrantes, fazendo a alegria dos ecoturistas do Brasil e do mundo. Trilhas como as que ligam as regiões de Lumiar , São Pedro da Serra , Rio Bonito e Macaé de Cima ao litoral ou ao centro da cidade, são hoje produtos turísticos de grande valor comercial, sócio- cultural e ambiental, que nada deixam à dever a outras regiões do país. Boa Esperança – São Bento, Lumiar – Cascata, Rio Bonito – Bananeiras e Toca da Onça – Aldeia Velha, são exemplos deste potencial pouco aproveitado.
E o que pensar dos proprietários de muitos destes lugares que, sem a menor visão do que têm nas mãos, simplesmente fecham com muros e cercas, trilhas que servem ainda de passagem para os habitantes locais e ecoturistas ? E os responsáveis pelo desenvolvimento do turismo no município, já descobriram a importância deste potencial ?
E quem diria que em pleno século XXI, muitos destes recantos históricos podem viver sem a sombra dos apagões, com seus fogões à lenha, lampiões e energia gerada localmente, dando uma aula de auto-suficiência em meio à tanto desperdício ?
Organizar este produto que temos em mãos e que a natureza oferece, salvá-lo da especulação imobiliária, da cobiça e dos interesses escusos, não é tarefa fácil. Tendo percorrido nos últimos dez anos, principalmente na região do quinto e do sétimo distrito, Lumiar e São Pedro da Serra, respectivamente, aproximadamente dez mil quilômetros de trilhas e estradas secundárias, pude mapear circuitos e roteiros quase esquecidos pelos friburguenses. Em cima de uma mountain bike, foram registrados centenas de quilômetros por onde passou toda a colonização, incluindo características culturais, geográficas e ambientais de cada micro- região.Em alguns destes lugares a degradação do ecossistema é evidente, como na estrada Serramar, que sofre com o dilema do possível asfalto e desmatamento de suas encostas.Outro exemplo são os distritos acima citados, que precisam se desenvolver com planejamento arquitetônico e saneamento básico, indispensável à um projeto ecoturístico.
Não adianta somente se criar mapas e informações turísticas sem capacitação das áreas com um mínimo de infra- estrutura necessária às exigências do mercado.Investir na formação de pessoal especializado em turismo receptivo, guias e monitores ambientais.Aproveitar a experiência de quem já realiza na prática, estabelecendo parcerias com outras regiões, trocas e intercâmbios.


Eduardo Paquet

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cicloturismo brasileiro para inglês ver

Quando se fala em Cicloturismo, o que vem logo à mente é a imagem da estrada, um ou mais ciclistas em bicicletas cheias de bagagens, percorrendo um roteiro previamente traçado e cuidadosamente preparado. O que se espera de uma viagem de bicicleta é o contato direto com a natureza, conhecer novos lugares e pessoas pelo caminho, a liberdade e o prazer indescritível de se percorrer quilômetros, dias, semanas ou meses, usando as próprias pernas, e o melhor, sem gastar uma gota de gasolina.
No Brasil encontramos todas as condições ideais para o Cicloturismo.
Com algumas ressalvas, como o clima quente do verão, principalmente nas regiões centro-oeste, nordeste e norte, e as condições de nossas estradas e acostamentos, nosso país possui milhares de atrativos naturais cheios de surpresas agradáveis para os cicloturistas. Um convite para nós brasileiros e para quem vem de fora do país. No continente europeu, por exemplo, viajar de bicicleta faz parte da cultura de vários países. O ciclismo de uma forma geral, tem larga tradição na França, Itália, Holanda, Espanha, Alemanha e Inglaterra. Existe a cultura do respeito ao ciclista viajante por parte dos motoristas nas estradas e por quem é responsável por elas. Daí o estado impecável das rodovias da Europa, com acostamento largo e ciclovias.
Umas das vantagens do cicloturismo é a possibilidade de estar acessível mesmo a quem nunca fez uma viagem de bicicleta. Com um planejamento que inclui a prática de se pedalar, noções básicas de reparos mecânicos, alimentação adequada e uma bicicleta razoável, qualquer pessoa pode se tornar cicloturista.
No mercado de Turismo, uma das vertentes que se abrem é o Cicloturismo receptivo. No Brasil existem poucas empresas especializadas em operações com grupos de estrangeiros que pretendem realizar um roteiro programado. Esta área de atuação turística por ser bem específica, requer um profissionalismo do nível que o mercado internacional exige. Por isso a sua seletividade natural.
A Today Tours é uma agência de turismo do Rio de Janeiro, especializada em cicloturismo desde 1993, operando com o mercado nacional e internacional. Com toda a experiência acumulada e dirigida por quem entende do assunto, oferece infra-estrutura criteriosa, feita de ciclistas para ciclistas. É pioneira na organização do cicloturismo emissivo para a América do Sul, como a travessia dos Andes, entre a Argentina e o Chile. À partir do ano de 2000, a Today Tours passou a receber grupos de cicloturistas vindos da Inglaterra e anualmente organiza pacotes com roteiros por vários estados do brasileiros, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
No cicloturismo receptivo, bicicletas incluídas no pacote torna opcional para o cliente trazer a sua própria. Isto permite que ele traga apenas acessórios que lhe sejam familiares e que podem ser instalados para aumentar sua performance como selins e pedais de encaixe, alem de seu próprio capacete, luvas e roupas.
Na logística destes roteiros estão estadias em hotéis e pousadas ao longo do percurso, paradas para almoço em restaurantes e paradas técnicas para descanso, lanche de apoio e hidratação. Os carros de apoio são distribuídos entre o que vai na frente, dando suporte técnico, o que vai atrás dos últimos ciclistas, que pode ser van ou ônibus, além do caminhão que transporta as bicicletas com o mecânico de retaguarda. Um médico completa a equipe, transmitindo segurança e tranqüilidade indispensáveis aos clientes. Um conforto para quem pedala nestes tours é a ausência de peso nas bicicletas, pois as bagagens são transportadas pelos carros de apoio,ao longo de todo o percurso.
Quanto aos roteiros existentes no Brasil, que encanta brasileiros e estrangeiros, destaque para a Estrada Real e a Costa Verde.
A Estrada Real tem potencial ilimitado para o Cicloturismo, com características típicas rurais, estradas de terra, pousadas e hotéis, além do rico patrimônio histórico ao longo do percurso, como as cidades de Diamantina, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e Parati.
Na Costa Verde, de Maresias à Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba, os ciclistas desfrutam de paisagens incríveis entre o mar e a montanha, onde predomina o verde das florestas de um lado e o azul-esverdeado das praias e baías do outro. Uma grande opção de hotéis e pousadas na beira-mar, fazem da região um dos destinos mais procurados por quem organiza roteiros de cicloturismo no Brasil.
Para o ano de 2008, a Today Tours organizou um calendário que inclui participação em eventos e roteiros para atender clientes estrangeiros e brasileiros, com o objetivo de atrair novos ciclistas que queiram experimentar essa apaixonante forma de se aliar o turismo à uma atividade saudável e ecológica.


Texto – Eduardo paquet / Today Tours