Com o aumento da procura pelo ecoturismo e turismo de aventura em todo o mundo, muitas regiões do Brasil descobriram potencial novo de vital importância sócio- econômica. A possibilidade do aproveitamento de seu meio-ambiente preservado em projetos que estabeleçam a união entre turismo, educação ambiental e fixação do homem no campo.
Em Nova Friburgo temos um exemplo prático deixado pelos colonizadores suíços. Assim como no resto do Brasil rural, até meados do século xx , reinavam os bravos tropeiros com suas tropas de burros e carroças levando e trazendo produtos, notícias e riquezas. Hoje, carregados de histórias e lendas, estes caminhos que nem sempre constam dos mapas, podem ser percorridos à pé, à cavalo, ou de bicicleta, em meio a Mata Atlântica e paisagens deslumbrantes, fazendo a alegria dos ecoturistas do Brasil e do mundo. Trilhas como as que ligam as regiões de Lumiar , São Pedro da Serra , Rio Bonito e Macaé de Cima ao litoral ou ao centro da cidade, são hoje produtos turísticos de grande valor comercial, sócio- cultural e ambiental, que nada deixam à dever a outras regiões do país. Boa Esperança – São Bento, Lumiar – Cascata, Rio Bonito – Bananeiras e Toca da Onça – Aldeia Velha, são exemplos deste potencial pouco aproveitado.
E o que pensar dos proprietários de muitos destes lugares que, sem a menor visão do que têm nas mãos, simplesmente fecham com muros e cercas, trilhas que servem ainda de passagem para os habitantes locais e ecoturistas ? E os responsáveis pelo desenvolvimento do turismo no município, já descobriram a importância deste potencial ?
E quem diria que em pleno século XXI, muitos destes recantos históricos podem viver sem a sombra dos apagões, com seus fogões à lenha, lampiões e energia gerada localmente, dando uma aula de auto-suficiência em meio à tanto desperdício ?
Organizar este produto que temos em mãos e que a natureza oferece, salvá-lo da especulação imobiliária, da cobiça e dos interesses escusos, não é tarefa fácil. Tendo percorrido nos últimos dez anos, principalmente na região do quinto e do sétimo distrito, Lumiar e São Pedro da Serra, respectivamente, aproximadamente dez mil quilômetros de trilhas e estradas secundárias, pude mapear circuitos e roteiros quase esquecidos pelos friburguenses. Em cima de uma mountain bike, foram registrados centenas de quilômetros por onde passou toda a colonização, incluindo características culturais, geográficas e ambientais de cada micro- região.Em alguns destes lugares a degradação do ecossistema é evidente, como na estrada Serramar, que sofre com o dilema do possível asfalto e desmatamento de suas encostas.Outro exemplo são os distritos acima citados, que precisam se desenvolver com planejamento arquitetônico e saneamento básico, indispensável à um projeto ecoturístico.
Não adianta somente se criar mapas e informações turísticas sem capacitação das áreas com um mínimo de infra- estrutura necessária às exigências do mercado.Investir na formação de pessoal especializado em turismo receptivo, guias e monitores ambientais.Aproveitar a experiência de quem já realiza na prática, estabelecendo parcerias com outras regiões, trocas e intercâmbios.
Eduardo Paquet
segunda-feira, 28 de abril de 2008
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