segunda-feira, 28 de abril de 2008

Trilhas que não estão no mapa

Com o aumento da procura pelo ecoturismo e turismo de aventura em todo o mundo, muitas regiões do Brasil descobriram potencial novo de vital importância sócio- econômica. A possibilidade do aproveitamento de seu meio-ambiente preservado em projetos que estabeleçam a união entre turismo, educação ambiental e fixação do homem no campo.
Em Nova Friburgo temos um exemplo prático deixado pelos colonizadores suíços. Assim como no resto do Brasil rural, até meados do século xx , reinavam os bravos tropeiros com suas tropas de burros e carroças levando e trazendo produtos, notícias e riquezas. Hoje, carregados de histórias e lendas, estes caminhos que nem sempre constam dos mapas, podem ser percorridos à pé, à cavalo, ou de bicicleta, em meio a Mata Atlântica e paisagens deslumbrantes, fazendo a alegria dos ecoturistas do Brasil e do mundo. Trilhas como as que ligam as regiões de Lumiar , São Pedro da Serra , Rio Bonito e Macaé de Cima ao litoral ou ao centro da cidade, são hoje produtos turísticos de grande valor comercial, sócio- cultural e ambiental, que nada deixam à dever a outras regiões do país. Boa Esperança – São Bento, Lumiar – Cascata, Rio Bonito – Bananeiras e Toca da Onça – Aldeia Velha, são exemplos deste potencial pouco aproveitado.
E o que pensar dos proprietários de muitos destes lugares que, sem a menor visão do que têm nas mãos, simplesmente fecham com muros e cercas, trilhas que servem ainda de passagem para os habitantes locais e ecoturistas ? E os responsáveis pelo desenvolvimento do turismo no município, já descobriram a importância deste potencial ?
E quem diria que em pleno século XXI, muitos destes recantos históricos podem viver sem a sombra dos apagões, com seus fogões à lenha, lampiões e energia gerada localmente, dando uma aula de auto-suficiência em meio à tanto desperdício ?
Organizar este produto que temos em mãos e que a natureza oferece, salvá-lo da especulação imobiliária, da cobiça e dos interesses escusos, não é tarefa fácil. Tendo percorrido nos últimos dez anos, principalmente na região do quinto e do sétimo distrito, Lumiar e São Pedro da Serra, respectivamente, aproximadamente dez mil quilômetros de trilhas e estradas secundárias, pude mapear circuitos e roteiros quase esquecidos pelos friburguenses. Em cima de uma mountain bike, foram registrados centenas de quilômetros por onde passou toda a colonização, incluindo características culturais, geográficas e ambientais de cada micro- região.Em alguns destes lugares a degradação do ecossistema é evidente, como na estrada Serramar, que sofre com o dilema do possível asfalto e desmatamento de suas encostas.Outro exemplo são os distritos acima citados, que precisam se desenvolver com planejamento arquitetônico e saneamento básico, indispensável à um projeto ecoturístico.
Não adianta somente se criar mapas e informações turísticas sem capacitação das áreas com um mínimo de infra- estrutura necessária às exigências do mercado.Investir na formação de pessoal especializado em turismo receptivo, guias e monitores ambientais.Aproveitar a experiência de quem já realiza na prática, estabelecendo parcerias com outras regiões, trocas e intercâmbios.


Eduardo Paquet

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cicloturismo brasileiro para inglês ver

Quando se fala em Cicloturismo, o que vem logo à mente é a imagem da estrada, um ou mais ciclistas em bicicletas cheias de bagagens, percorrendo um roteiro previamente traçado e cuidadosamente preparado. O que se espera de uma viagem de bicicleta é o contato direto com a natureza, conhecer novos lugares e pessoas pelo caminho, a liberdade e o prazer indescritível de se percorrer quilômetros, dias, semanas ou meses, usando as próprias pernas, e o melhor, sem gastar uma gota de gasolina.
No Brasil encontramos todas as condições ideais para o Cicloturismo.
Com algumas ressalvas, como o clima quente do verão, principalmente nas regiões centro-oeste, nordeste e norte, e as condições de nossas estradas e acostamentos, nosso país possui milhares de atrativos naturais cheios de surpresas agradáveis para os cicloturistas. Um convite para nós brasileiros e para quem vem de fora do país. No continente europeu, por exemplo, viajar de bicicleta faz parte da cultura de vários países. O ciclismo de uma forma geral, tem larga tradição na França, Itália, Holanda, Espanha, Alemanha e Inglaterra. Existe a cultura do respeito ao ciclista viajante por parte dos motoristas nas estradas e por quem é responsável por elas. Daí o estado impecável das rodovias da Europa, com acostamento largo e ciclovias.
Umas das vantagens do cicloturismo é a possibilidade de estar acessível mesmo a quem nunca fez uma viagem de bicicleta. Com um planejamento que inclui a prática de se pedalar, noções básicas de reparos mecânicos, alimentação adequada e uma bicicleta razoável, qualquer pessoa pode se tornar cicloturista.
No mercado de Turismo, uma das vertentes que se abrem é o Cicloturismo receptivo. No Brasil existem poucas empresas especializadas em operações com grupos de estrangeiros que pretendem realizar um roteiro programado. Esta área de atuação turística por ser bem específica, requer um profissionalismo do nível que o mercado internacional exige. Por isso a sua seletividade natural.
A Today Tours é uma agência de turismo do Rio de Janeiro, especializada em cicloturismo desde 1993, operando com o mercado nacional e internacional. Com toda a experiência acumulada e dirigida por quem entende do assunto, oferece infra-estrutura criteriosa, feita de ciclistas para ciclistas. É pioneira na organização do cicloturismo emissivo para a América do Sul, como a travessia dos Andes, entre a Argentina e o Chile. À partir do ano de 2000, a Today Tours passou a receber grupos de cicloturistas vindos da Inglaterra e anualmente organiza pacotes com roteiros por vários estados do brasileiros, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
No cicloturismo receptivo, bicicletas incluídas no pacote torna opcional para o cliente trazer a sua própria. Isto permite que ele traga apenas acessórios que lhe sejam familiares e que podem ser instalados para aumentar sua performance como selins e pedais de encaixe, alem de seu próprio capacete, luvas e roupas.
Na logística destes roteiros estão estadias em hotéis e pousadas ao longo do percurso, paradas para almoço em restaurantes e paradas técnicas para descanso, lanche de apoio e hidratação. Os carros de apoio são distribuídos entre o que vai na frente, dando suporte técnico, o que vai atrás dos últimos ciclistas, que pode ser van ou ônibus, além do caminhão que transporta as bicicletas com o mecânico de retaguarda. Um médico completa a equipe, transmitindo segurança e tranqüilidade indispensáveis aos clientes. Um conforto para quem pedala nestes tours é a ausência de peso nas bicicletas, pois as bagagens são transportadas pelos carros de apoio,ao longo de todo o percurso.
Quanto aos roteiros existentes no Brasil, que encanta brasileiros e estrangeiros, destaque para a Estrada Real e a Costa Verde.
A Estrada Real tem potencial ilimitado para o Cicloturismo, com características típicas rurais, estradas de terra, pousadas e hotéis, além do rico patrimônio histórico ao longo do percurso, como as cidades de Diamantina, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e Parati.
Na Costa Verde, de Maresias à Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba, os ciclistas desfrutam de paisagens incríveis entre o mar e a montanha, onde predomina o verde das florestas de um lado e o azul-esverdeado das praias e baías do outro. Uma grande opção de hotéis e pousadas na beira-mar, fazem da região um dos destinos mais procurados por quem organiza roteiros de cicloturismo no Brasil.
Para o ano de 2008, a Today Tours organizou um calendário que inclui participação em eventos e roteiros para atender clientes estrangeiros e brasileiros, com o objetivo de atrair novos ciclistas que queiram experimentar essa apaixonante forma de se aliar o turismo à uma atividade saudável e ecológica.


Texto – Eduardo paquet / Today Tours

segunda-feira, 21 de abril de 2008

21 de Abril

Liberdade, ainda que tardia!
nas prisões, sombra da nossa inconsciência
nos manicômios, loucura da nossa existência
nas fronteiras, incoerência da nossa civilização
nos índios mortos, corrompidos na sua identidade
nos índios vivos, sagrados pela Mãe-Terra
na ignorância dos que governam o mundo
na opressão dos que tomaram o poder
no sangue derramado pelos inconformados
na luz que suplantará o caos
quando cessar a última guerra neste planeta
Liberdade ainda que tardia!


Eduardo Paquet

O Peixe Voador

Somos peixes fora d´água
à procura de um aquário
somos luzes no escuro
à procura de um clarão
brisas inocentes
provocando um tufão
somos órfãos indefesos
arrogantes
cheios de razão
procuramos um caminho
sem rumo e sem direção
Paira no ar um aviso importante
é chegada a hora
o derradeiro instante
Lua e sol
tempo e vento
espaço entre céu e terra
a paz e a guerra
são coisas envolvidas no minuto que se aproxima
pois somos como peixe sem água
tentando viver no ar
renascendo à cada instante
tentando se adaptar
Perdeu-se o sentido do tempo
do limite e do espaço
sonho, realidade, bondade
justiça, maldade, cansaço
perdemos o rumo de casa
o sentido, o tempo e o espaço
tempo de sonhar, espaço de sentir
presos na própria teia
com receio de sair
Mas agora chegou a hora
e quem apita é o trem da história
cansamos de fingir e vamos nos transformar
São termos, palavras, fatos
mentiras, verdades, boatos
conscientes da consciência
ou inconscientes do consciente?
O que somos afinal?
Somos peixes e filhos diretos da água primordial
Nosso ofício é romper com os limites
transcender os palpites entre o bem e o mal
No aquário chamado Terra
o peixe chamado Homem
tem agora um ideal
Se conhecer por total.
Que renasça a essência
ressurja a Ciência da Intuição
A morte do ter
A era do Ser
o eterno retorno da vibração
o sentido mais profundo
o mergulho de todo o mundo
na verdadeira religião


Eduardo Paquet


Nota: "Oração do psicólogo".Outubro de 1985 - Formandos de Psicologia

sábado, 19 de abril de 2008

O leãozinho baio

Vai leãozinho baio!
Mostra ao mundo que tu existes. Que Deus te criou assim, selvagem.
Busca o alimento que te faz vivo e dá teu porte majestoso de felino.
Encara o homem e diz: - “Estou aqui! Me alimento de tuas ovelhas porque estás acabando com a minha caça! As matas aonde vivo estão sendo destruídas por tua cobiça. Em nome da tua ignorância, a erosão está corroendo meus rincões, onde encontro liberdade e me reproduzo. Preciso sobreviver!”
Vai leãozinho baio, mostra ao mundo que não tens medo!
Mostra ao mundo que não és virtual. És de carne e osso.
Neste mundo de ilusão, onde os sentidos entorpecem o homem, onde paira a ameaça da tua extinção, o milagre da tua sobrevivência!
Que as balas dos homens não te atinjam. Que eles te respeitem e te admirem. Mostre a eles que para tu não existe cercas.
Tu não recebes comando de ninguém. Não pertences a ninguém!
Vai leãozinho baio, resiste ao homem predador!
Resiste ao homem que é capaz de matar por dinheiro, que agora ameaça sua própria existência, que sabe quase nada de si. Nem da vida, nem da morte.
Vai leãozinho baio!
Tua luta é minha luta.
Resiste!


Eduardo Paquet
Nova Friburgo,RJ - 04/07/07


Nota: Inspirado em matéria veiculada em telejornal noturno, do dia 3 de julho de 2007, onde noticiou-se a presença de um Puma ou Onça Parda, atacando rebanho de ovelhas numa região de estâncias no interior do Rio Grande do Sul.
Na região Sul, este felino seriamente ameaçado de extinção, é chamado de “leãozinho baio”, numa referência à cor de sua pelagem.

Transição

No limiar da transição
a humanidade à caminho da auto-destruição
ficamos nós acreditando no amor, sempre
sentindo a coragem que brota da fonte inesgotável de esperança
a vontade de poder ser só coração
essa vontade que não se cansa
vontade de criança
vontade de não sentir dor
fazer parar todo o sangue derramado
querendo viver aqui neste planeta
sem querer fugir com medo para o espaço
e abandonar nossa casa
como se lá fora estivéssemos a salvo
do egoísmo
da ganância
da ignorância...
Aonde vamos?


Eduardo Paquet

Fogo com fogo

Viver no limite do sentimento
viver a intensidade da entrega
à flor da pele
alma exposta ao sol
pronta para queimar
Brincar com a verdade
jogar com a vida
pedir e receber
e dar conta de viver
só vale à pena se for assim
como um poema escrito com sangue
sem medo do que vai acontecer
quando o tempo fizer sua cobrança
quando o coração cobrar da razão
a ferida aberta que não cicatriza


Eduardo Paquet